segunda-feira, 24 de maio de 2010

Au revoir...




São ondas. É a areia a balancear contra as impossibilidades dos dias. És tu de novo que me assomas num crescendo de saudade. São os dias maiores. São as horas supérfluas despejadas em torno das tardes ardentes. É esta esperança em mim. É o que me faz mover. São os momentos vagos. É o teu olhar sobranceiro. A tua compreensão. São as conjunturas políticas. É a crise, a crise que nos inferniza. É a fruta que meneias mesmo quando o teu corpo aleijado grita por dentro. São os contra-tempos, as contra-danças, os contra-tudos. É a barafunda instalada. É o rio que continua no seu leito. São os anos que passam. És tu que permaneces. São os megafones da minha alma em rebelião. Nessa sua súplica desmedida que não se cansa. É o medo, o infindável medo de te perder. És tu que pairas em mim, seta cravada no meu coração estilhaçado. É a cidade. São as pessoas. É a hora de ponta. É o entulho que se amontoa nas bermas. É o começo do Verão. São as cerejas em contradição com o ananás. É a tua voz gizada pelas raízes telúricas. É de novo o teu corpo, conjunção perfeita do meu imaginário vasto. São os amanheceres que aceitamos. São os anoiteceres que perdemos. São já horas. É já tempo. E no fim és tu. Tu. A pairar por aí, sob o meu olhar distante. Au revoir.

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