segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Soledad...



Também morro de saudades tuas. Às vezes, à noite, ressuscito-te. Há outras alturas em que te perco por de entre a confusão dos legumes diametralmente dispostos no mercado. Às vezes, nas manhãs nevoeirentas emerges desnudo do mar, e aí chego mesmo a idolatrar-te. E mesmo assim, escapas-me, sobranceiro, infalível através da brandura do vento. No entanto, há dias em que te esqueço, em que és apenas uma ideia que tive, uma consequência irremediável do destino, uma matéria desarticulada abstractamente desenhada na minha memória. Depois há momentos inesperados que me crias, planos de ataque sincronizados com as tuas possibilidades, saudades que tiras do baú assim sem mais nem menos. Como se ignorasses o que leio nas entrelinhas, no duplo sentido que depois dou às tuas palavras que separas com um ponto final. Como quem diz. Sinto. a. tua. falta. Mais do que imaginas. E eu não imagino, porque nem sequer te posso tocar. Não sinto o teu cheiro nem o volume da tua voz vai para cima de uma eternidade. E morro nas saudades que tens por mim. Na imensidão da distância. No amanhecer do mar. Azul.

Sem comentários: