segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Insustentável Leveza de Manel

Em verdade te digo Manel que és tão absurdo que nem dás por isso. A tua vida é tão esvaziada de tudo, trabalhas numa correria das nove às cinco e devoras o mercantilismo futebolístico. Em verdade te digo Manel que não passas de mais um número nesta sociedade em crise, mas mesmo assim não dispensas as tardes de domingo no shopping. Em verdade te digo Manel que ignoras o mundo que te rodeia, estás demasiado egoísta para a tua idade e ainda vives com os teus pais. Em verdade te digo Manel que não sabes o que é ler um bom livro, embora devores "A Bola" de uma ponta à outra, perdeste o gosto pela contemplação, e comes demasiada fruta em calda. Em verdade te digo Manel que tens um quotidiano desinteressante, és grevista e não atendes depois das quatro. Em verdade te digo Manel que te fica mal esse telemóvel de última geração, tens o cabelo demasiado penteado, e não sabes escrever no pretérito mais-que-perfeito. Em verdade te digo Manel. Não fazes o meu género.

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